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Briga de cachorro grande

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O STF, mais uma vez exorbitando de suas atribuições específicas, expeliu um ato decisório proibindo o uso da Hidroxicloroquina na rede SUS. Com isso, além de imiscuir-se em território que não lhe pertence, avança, mais uma vez, sobre decisão do Poder Executivo, atribuição específica do Ministério da Saúde. Assume uma briga que lhe trará desgaste perante a opinião pública já indisposta com sua atuação.

A Rede Globo, que faz enquetes diárias sobre o desempenho do Poder Executivo, deveria fazer, também, uma enquete sobre a satisfação do povo brasileiro com o desempenho do Poder Judiciário e do Poder Legislativo. Talvez isso pudesse dar aos nossos togados e aos legisladores uma pálida ideia do conceito que grande parte da população tem de suas excelências.

O Conselho Federal de Medicina, através de resolução que lhe é específica, liberou o uso da Hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19. A grande maioria dos médicos que labutam nessa frente de batalha vêm receitando essa medicação e, diariamente nas redes sociais, encontramos relatos sobre a eficácia do remédio proscrito pelo STF. Nessa discussão devemos saber que não há, até agora, nenhuma droga aprovada pelos cientistas que pesquisam soluções para a esta pandemia.

A doença viral ainda não é totalmente conhecida. Sua patogenia está sendo desvendada lentamente. O maior avanço foi dado por um grupo de médicos italianos que realizaram 50 necropsias, mas será necessário que mais estudos sejam feitos, com análise pelos anátomo-patologistas, de todos os órgãos afetados. Somente através desses estudos é que iremos conhecer todas as implicações desta patologia.

Enquanto não há domínio sobre esses conhecimentos, toda a sorte de aventureiros aparecem deitando "ciência". Foi o que se viu em duas publicações feitas em revistas médicas respeitáveis: o "New Egland Journal of Medicine" e o "The Lancet". Logo em seguida surgiram uma centena de críticos mostrando falhas no estudo e erros na validação de dados que anulam as conclusões dos trabalhos. Esse açodamento das publicações revela interesses ocultos que, infelizmente, permeiam a literatura médica. Os grandes laboratórios farmacêuticos muitas vezes se valem desse processo espúrio para promoverem seus produtos ou invalidarem a concorrência

É do conhecimento médico que os laboratórios farmacêuticos não têm interesse na produção de remédios baratos e não patenteados. Suas pesquisas se voltam para novas drogas cujas patentes lhes asseguram o domínio do mercado por 20 anos e aos preços que eles impõem. Toda briga agora, na Covid-19, se faz em torno dos antivirais, medicamentos caros. Um deles, o Resendivir, custa em torno de R$ 150 mil para cada paciente. A Hidroxicloroquina em uma caixa com 30 comprimidos de 200mg custa menos de R$ 10... As doses preconizadas para o tratamento de uma pessoa variam em torno de dois comprimidos diários por cinco a sete dias!

Infelizmente, nossos ministros do STF, de maneira simplória ou mancomunados com o crime, estão servindo a interesses espúrios, que interessam a grandes grupos financeiros, em verdadeiro crime de lesa-pátria. A discussão se estende por todo o planeta. Só o tempo dirá - depois que os estudos cientificamente bem conduzidos apresentarem resultados confiáveis - quem lutou empunhando a verdade baseada em evidências ou aqueles que usaram falsas prerrogativas para tripudiar sobre a humanidade, aproveitando-se da boa-fé daqueles que lutaram apoiando-se no engano.

Essa pandemia ainda irá longe, e haverá tempo para a verdade aparecer!

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